A Mobilidade na Área dos Pesados de Mercadorias

Notícias

19 de fevereiro de 2018

Estamos a ser inundados por um futuro na área da Mobilidade das pessoas ao qual, felizmente, não vamos conseguir escapar. Este futuro apresenta-se com soluções cada vez mais exóticas, envolvendo múltiplas apps, conectividade, car sharing, on-street e off-street parking, portagens, veículos eléctricos, bicicletas e intermodalidade de diferentes meios de transporte, para não falar, mais tarde ou mais cedo, dos veículos autónomos. De facto, é já consensual que o mundo que hoje conhecemos vai mudar, ou melhor, está a mudar, com benefícios de conveniência, económicos e ambientais claros, nomeadamente para quem vive em ambientes urbanos, cada vez mais o grosso da população.

Ora nem tudo o que tem rodas serve para transportar pessoas. Por vezes esquecemo-nos, mas os produtos que consumimos não nascem por geração espontânea nas prateleiras dos supermercados, as fábricas precisam de matérias-primas para operar, geramos lixo que precisa de ser recolhido todos os dias. Ou seja, há todo um mundo logístico que passa despercebido à maioria das pessoas e que sustenta o nosso modo de vida, garantindo-nos os níveis de conforto e de bem estar de que hoje podemos usufruir.

Nesta cadeia logística, em especial na parte que diz respeito ao transporte rodoviário de mercadorias, os conceitos de Mobilidade também se aplicam. As especificações são naturalmente diferentes, mas o nível de inovação tecnológico em nada fica atrás daquilo que hoje está a ser experimentado na Mobilidade das pessoas. Aliás, alguns dos conceitos que hoje nos surpreendem nasceram precisamente na área dos camiões.

Por exemplo, noções como a conectividade atingem hoje no sector dos pesados um nível de desenvolvimento inusitado, existindo já plataformas a ligar bolsas de cargas, camiões, fabricantes, transportadores, carroçadores e semi-reboques, previsões meteorológicas, trânsito e parking, tudo numa lógica de racionalização de espaços de carga ao menor custo, no melhor tempo.

É também importante relembrar que existem múltiplas experiências em termos de veículos mais amigos do ambiente. Embora o diesel continue a imperar nas nossas estradas, a sua troca por outras tecnologias com emissões reduzidas ou mesmo com emissões zero é uma realidade em curso, com um enfoque maior no meio urbano, aliás muito em linha com o que se passa no mundo dos ligeiros.

Mas a Mobilidade nos pesados de mercadorias vai mais longe, com experiências noutros países ao nível do short-time rental, cartões europeus para assistência técnica, portagens, túneis e combustível, permitindo a um transportador operar em toda a Europa como se estivesse no seu próprio país, quebrando fronteiras que ao nível do transporte de mercadorias existem cada vez menos, com benefícios para toda a cadeia de valor.

Também o platooning (“comboios de camiões”) começa cada vez mais a ser uma realidade, abrindo a porta para um novo paradigma na logística, que culminará na introdução progressiva de camiões autónomos nas estradas.

De facto, o inevitável aparecimento dos camiões autónomos será um factor absolutamente disruptivo, não só no próprio sector dos transportes rodoviários de mercadorias mas também em todas as suas envolvências a montante e a jusante, o que se traduzirá de certeza numa realidade totalmente diferente para produtores, transformadores e consumidores. Como disrupção que vai ser, certamente trará alguns riscos, mas serão muitas mais as oportunidades.

António Reis Pereira

Head of Trucks & Bus
Volkswagen Financial Services

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